Zuckerberg Quer que a IA Seja Seu Novo Melhor Amigo — Literalmente

Estratégia da Meta é incorporar a IA mais profundamente na vida social.

Em uma recente participação em um podcast, o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, propôs chatbots de IA como uma cura para a epidemia global de solidão, sugerindo que companheiros digitais poderiam preencher a lacuna deixada por um número cada vez menor de amizades na vida real. Ele citou o americano médio tendo menos de três amigos próximos e apresentou “amigos” virtuais como um substituto escalável. A visão surge enquanto a Meta enfrenta críticas por suas ferramentas de IA — algumas das quais enganaram usuários ou expuseram menores a conteúdo inadequado.

Embora Zuckerberg admita que ainda existem estigma e limitações, seu impulso reflete a estratégia mais ampla da Meta de incorporar a IA mais profundamente na vida social, levantando questões éticas e psicológicas urgentes.

A proposta de Mark Zuckerberg de utilizar inteligência artificial para combater a solidão ecoa um debate crescente sobre o papel da tecnologia na saúde mental e nas relações sociais. A alegação de que o americano médio possui menos de três amigos próximos é frequentemente citada em estudos sobre isolamento social. Uma pesquisa de 2021 do Survey Center on American Life, por exemplo, revelou que americanos relatam ter menos amigos próximos do que no passado, com cerca de 12% afirmando não ter nenhum amigo próximo. (https://www.americansurveycenter.org/research/the-state-of-american-friendship-change-challenges-and-loss/)

A ideia de companheiros virtuais não é totalmente nova. Já existem diversos aplicativos e plataformas que oferecem chatbots com os quais os usuários podem interagir, buscando desde conversas informais até suporte emocional. Empresas como Replika AI oferecem “amigos de IA” personalizáveis que aprendem com as interações do usuário. (https://replika.com/)

No entanto, a proposta de Zuckerberg levanta preocupações significativas. Especialistas em psicologia e ética questionam se interações com IA podem realmente substituir a profundidade e a complexidade das relações humanas genuínas. Sherry Turkle, professora do MIT e autora de “Alone Together: Why We Expect More from Technology and Less from Each Other,” argumenta que a dependência de companheiros virtuais pode levar a um isolamento ainda maior e a uma diminuição da capacidade de formar laços reais. (https://mitpress.mit.edu/books/alone-together)

Além disso, as críticas recentes à Meta em relação à segurança e à ética de suas ferramentas de IA, mencionadas na notícia original, adicionam uma camada de ceticismo em relação à sua capacidade de desenvolver companheiros de IA confiáveis e benéficos. A preocupação com a privacidade dos dados, o potencial para manipulação emocional e a possibilidade de reforçar vieses existentes são questões importantes a serem consideradas.

A iniciativa da Meta se alinha com uma tendência mais ampla de integrar a IA em diversas áreas da vida social, desde assistentes virtuais até ferramentas de recomendação em plataformas de mídia social. No entanto, a questão de até que ponto a IA pode e deve substituir as interações humanas fundamentais continua sendo um debate crucial com implicações significativas para o futuro da sociedade e da saúde mental.